quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Registo fotográfico e filmagem da Tipografia Globo (Torre de Moncorvo), no contexto do projecto: “Profissões, Actividades e Artes Tradicionais”


Procurando registar as histórias de vida de pessoas comuns, assim como processos técnicos em vias de desaparecimento por motivos de evolução da técnica (o fatal Progresso!), ou em resultado da desertificação humana que atinge interior de modo geral, o PARM pretende desenvolver um projecto de trabalho intitulado: “Profissões, Actividades e Artes Tradicionais de base rural, artesanal e industrial em vias de extinção”.

Neste projecto cabem os levantamentos já iniciados sobre os Ferreiros e Mineiros da região, que, como seria de esperar, devido à temática do Museu do Ferro, serão alvo de inquéritos mais sistemáticos e desenvolvidos. No entanto, há que não esquecer as histórias de vida das pessoas que viveram ou vivem da lavoura, da pastorícia, ou de actividades como pedreiros, carpinteiros, sapateiros, cesteiros, padeiras, doceiras/cobrideiras de amêndoa, ou outras.

Neste caso, em “outras”, incluímos uma actividade que já existiu num período florescente da história de Torre de Moncorvo, nos finais do século XIX/inícios do séc. XX (quando se chegou a publicar mais do que um jornal nesta vila) e que, tendo passado, voltou a ressurgir na 2ª. metade da década de 70 do séc. XX.

Anúncio publicitário da Tipographia do jornal O Moncorvense, de 28.10.1894, sita na Rua do Cano (actual R. Visconde de Vila Maior)


Anúncio da Typographia de Accacio de Sousa Pennas, sita no Largo General Claudino, em Torre de Moncorvo, publicado no jornal Torre de Moncorvo, cerca do ano 1900.

Estamos a falar, como já perceberam, da nobre arte da tipografia, que regressou a Torre de Moncorvo com a Tipografia Torre, por volta de 1978, localizada no Largo Diogo de Sá, pela mão da sociedade Irmãos Afectos (“retornados” de Moçambique), tendo como tipógrafo o Sr. José Martins (conhecido por Zé Carmachinho, devido a uma alcunha familiar), também ele “retornado” de África.

A tipografia Torre foi depois adquirida por um empresário do sector, sedeado em Mirandela, que para aqui destacou como funcionário o Sr. Tony, o qual viria a transferir a tipografia para o local onde ainda se encontra, na rua Visconde de Vila Maior, mudando-lhe o nome para Tipografia Globo. Entretanto, antes ainda dessa transferência, entrou para a tipografia o Sr. Manuel Barros, actual proprietário (desde 1992), trabalhando com ele outro profissional, o Sr. Morais, também já com longos anos de casa.

Logotipo actual da Tipografia Globo.


Possuindo duas máquinas impressoras Heidelberg, datáveis da 2ª. metade dos anos 50 do século XX, a tipografia Globo utiliza ainda os métodos de composição tipográfica no exacto sentido da palavra, ou seja, utilizando “tipos” (caracteres ou letras às avessas, moldadas em ligas de chumbo e níquel), os quais são alinhados manualmente, num trabalho de perícia e paciência, requerendo uma boa visão. Feitos os ajustamentos da composição dentro de um aro em ferro chamado “rama”, e metido o conjunto na chamada “almofada” da impressora, é um verdadeiro espectáculo ver e ouvir o matraqueado da máquina, puxando as folhas de papel, atirando-as contra a “almofada” onde são tintadas, e arrumando-as lateralmente. É o momento sublime, quando a tipografia se carrega de uma atmosfera mágica, envolta no característico cheirinho a tinta fresca…

Sr. Manuel Barros, inserindo a "chapa" na máquina impressora.

Há depois os “acabamentos” como os cortes em guilhotina eléctrica, a agrafagem, em máquina também eléctrica. Aqui se imprimem sobretudo livros de facturas, ou outros impressos de escrituração comercial, cartazes, folhetos, etc..

No dia 18 de Fevereiro de 2008, aproveitando o ensejo de um trabalho jornalístico realizado pela repórter e jornalista Carla Gonçalves (do Mensageiro Notícias) uma equipa do PARM procedeu a um registo fotográfico e em vídeo digital do funcionamento desta tipografia, através do depoimento dos Srs. Manuel Barros e Morais, a quem agradecemos esta oportunidade de perscrutar uma arte fascinante, embora em risco de soçobrar por falta de rendimento suficiente. Por este motivo, apelamos aos nossos sócios para que divulguem e encaminhem trabalhos para a tipografia Globo, porque ela é um património vivo da nossa vila e, como tal, deveria ser classificada como Valor Concelhio.

Sr. Morais organizando os "tipos" no momento da "composição".


1 comentário:

carlos Boa Morte disse...

Bom Dia
manuel Morais

teve conhecimento de a vossa empresa mais de 20 anos comercilaizou uma maquina de marca hidelberg PRUCKMASCHINEM, que se encontra em inoperancia divido falta de rolo ,desta forma gostaria se na vosa empresa comercializa ou faz enchimento dos referido rolo .

Sem outro assunto agradeço.
o meu Contato em Portugal é

Carlos Boa Morte
Telemovel 927546975

e-mail: represe1@hotmail.com

sem Outro assunto
Atencisamente
carlos Boa morte